Thursday, August 7, 2008

Ser fiel é uma escolha que não pode depender do outro!

Sempre que me perguntam sobre fidelidade, inevitavelmente surge aquele velho argumento: “mas por que eu seria fiel se nada me garante que o outro não me está traindo?”...
Essa é, sem dúvida, uma grande verdade.

Jamais teremos certeza e nada nos pode garantir que a outra pessoa não nos vai trair, que ela é fiel.
Creio que essa seja a melhor e a mais sábia justificativa para a fidelidade.

Ser fiel é uma escolha pessoal; não pode depender da atitude e da escolha do outro.

Ou você é, ou você não é!

Obviamente, se tivermos em conta que ninguém é perfeito e que todos nós estamos sujeitos a equívocos e que podemos “escorregar”.

Mas o que defendo aqui é a postura de cada um.
O que considera certo e errado?
O que é uma característica sua e o que não é?

Considero como verdade absoluta a seguinte assertiva: “Não faças ao outro o que não gostarias que te fizessem a ti”.

Creio que raríssimas pessoas diriam que não se importariam de ser traídas. Assim sendo, não consigo entender porque tantas pessoas insistem em trair...Talvez, o facto não deva ser encarado a partir da atitude: trair ou não trair; nem tão pouco a partir da vítima: ser ou não ser traído. O facto deve ser encarado a partir de quem o praticou.

Isto é: você é ou não é um traidor?!?

Pode ser que a questão colocada desta maneira pareça acusadora demais, no entanto, acredito que por trás dela exista um sentimento mais profundo e importante que deveria ser tido em conta: a compaixão. Compaixão é um sentimento em extinção. Significa ser capaz de colocar-se no lugar do outro e conseguir sentir a dor que ele sente.
Se pudéssemos fazer sempre isso, aposto que as atrocidades da vida diminuiriam consideravelmente. Especialmente a traição.
Considero traição tudo aquilo que é combinado entre duas pessoas e uma delas não cumpre.
Ou seja, se no seu relacionamento, assume a postura de estar só com aquela pessoa, supõe-se que se sinta capaz de cumprir esse acordo.
Caso contrário, deveria ser sincero o bastante para admitir que quer ficar com outras pessoas sempre que sentir esse desejo, assumindo o risco de “perder” a pessoa que gosta.
De qualquer maneira, independentemente de qual seja a sua escolha, o facto é que a verdade é sinonimo de fidelidade.
Se a sua verdade vai ser aceite ou não, essa é uma outra questão com a qual terá que lidar.
Mas ser fiel é, acima de tudo, assumir somente os compromissos que se julga capaz de cumprir.
E caso não consiga, independentemente dos seus motivos, o mais correcto é não enganar e não mentir, ou melhor, ser sincero e contar ao outro que quebrou o acordo.
Saber lidar com as consequências dos seus actos pode demonstrar uma grandeza admirável, uma coragem que poucas pessoas têm.
Além disso, ser “absolvido” mediante a confissão é bem mais fácil do que ser perdoado diante da mentira e da tentativa de ludibriar a pessoa amada.

Enfim, caio novamente numa frase que escrevo sempre: a vida é feita de escolhas!

Imagine que a vida é um grande e requintado cardápio, repleto de deliciosas opções.
Todos nós, apreciadores do prazer, podemos ficar em dúvida, hesitantes antes de fazer o pedido. No entanto, teremos que o fazer, abrindo mão das demais opções, se quisermos desfrutar o sabor.

Quando vejo pessoas que se dizem fiéis, a trair a pessoa amada, imagino-as como se estivessem num belo restaurante, com o prato que escolheram diante de si, mas de tempo em tempo, levantam-se da mesa pedindo licença para irem ao wc e, enganando-se a si mesmas, correm até a cozinha escondendo-se para não serem vistas e roubam colheradas de outros pratos, engolindo rapidamente e voltando correndo para seus lugares.

Resultado: não saboreiam nem o que está à sua frente e nem o que está na cozinha.
Perdem o sabor peculiar de sua escolha e não aproveitam o melhor de cada opção como poderiam!
Perdem a oportunidade maravilhosa de degustar o indescritível sabor do amor, porque não sabem que esse prato pede sensibilidade e entrega para ser apreciado de verdade......
E quando chega a conta, pagam caro e certamente continuam com fome!





Texto de Rosana Braga, Escritora e Jornalista.

4 comments:

S.A. said...

dá que pensar...

AnaBond said...

adorei.

principalmente a comparação com o restaurante... nem mais!

Mente Quase Perigosa said...

Oh pá... Mas lá porque se está de dieta não quer dizer que não se olhe para o menu!!!!!!!!!!!!!!

Ao fim ao cabo, barquinho ancorado também balança e vaca amarrada também pasta!!!!!!!!!!

Valete said...

Palmas, palmas e mais palmas..para este texto. Eu proprio, quase que faria melhor, pois a minha cabeça fervilha de teorias sobre o que leva alguém a enganar outro. Tenho "n" teorias, "x" delas comprovadas "y" delas foi por seguir a logica e o instinto primitivo que o ser humano detem.

No fim de contas...e esta é a minha revelação, aparte de todas as situações, ...tudo se resume à biologia..aos processos bioquimicos de cada individuo...até mesmo na atracção estes processos estão discretamente presentes...podemos n~ºao os sentir, podemos não saber explicá-los, mas eles existem.

Emfim e em suma sou um tipo com sangue monogamico e porconseguite fiel...o que de facto é especie em extinção e uma infeliz indaptação social dos mundo contemporaneo!:(