Friday, August 29, 2008

A doença do amor

Em conversa com uma amiga separada recentemente, demo-nos conta que aguentamos as relações exigindo tão pouco em troca.
A balança está tantas vezes desequilibrada, mas mesmo assim teimamos em falsificar os resultados em prol daquela companhia.
Companhia que tantas e tantas vezes nos faz sentir mais sós do que se estivéssemos de facto sozinhas.

Eu nunca precisei de um homem ao meu lado para o que quer que fosse. De tudo o que fiz até hoje, se não tivesse um companheiro, a única coisa que iria lamentar era a falta de filhos.
Aquilo em que vou cedendo acaba por ser pelo bem estar e pelo futuro de quem não pediu para cá estar e porque, voltando à balança, se calhar o desequilíbrio que eu sinto também ele o deve sentir. Estamos quites e conversados nesse assunto. Nada é perfeito, aliás.

Estas férias, a minha sogra confessou-me que provavelmente cedeu mais do que deveria porque tinha, de facto, medo de ficar só.
Eu, francamente, acho que o macho cheira esse medo.
O que eles precisam é de sentir um “coeficiente de cagaço”. O cagaço que os faz sentir que não estamos garantidas e que somos independentes o suficiente para desaparecer quando o limite for atingido.

Por isso é que me custa ver amigas minhas, mulheres fantásticas, lindas, inteligentes, sujeitarem-se a homens que não as merecem. E não estou a falar apenas da rotina do “quem faz o jantar”, “quem vai às compras”, “quem dá banho aos miúdos” (se bem que isso, com o tempo, também moa). Estou a falar de situações muito mais graves que reduzem a mulher ao mínimo (in)aceitável.

Pode ser o amor. Até pode ser doença (será o amor uma doença?).
Para mim, é muitas vezes o medo de envelhecer só.
Mas, no final, todos nós ficamos sozinhos.
E não há só mais só do que aquele solitário no meio de uma multidão que não o ama...

Monday, August 25, 2008

"We choose to love, we do not choose to cease loving." - Seneca

Thursday, August 7, 2008

Ser fiel é uma escolha que não pode depender do outro!

Sempre que me perguntam sobre fidelidade, inevitavelmente surge aquele velho argumento: “mas por que eu seria fiel se nada me garante que o outro não me está traindo?”...
Essa é, sem dúvida, uma grande verdade.

Jamais teremos certeza e nada nos pode garantir que a outra pessoa não nos vai trair, que ela é fiel.
Creio que essa seja a melhor e a mais sábia justificativa para a fidelidade.

Ser fiel é uma escolha pessoal; não pode depender da atitude e da escolha do outro.

Ou você é, ou você não é!

Obviamente, se tivermos em conta que ninguém é perfeito e que todos nós estamos sujeitos a equívocos e que podemos “escorregar”.

Mas o que defendo aqui é a postura de cada um.
O que considera certo e errado?
O que é uma característica sua e o que não é?

Considero como verdade absoluta a seguinte assertiva: “Não faças ao outro o que não gostarias que te fizessem a ti”.

Creio que raríssimas pessoas diriam que não se importariam de ser traídas. Assim sendo, não consigo entender porque tantas pessoas insistem em trair...Talvez, o facto não deva ser encarado a partir da atitude: trair ou não trair; nem tão pouco a partir da vítima: ser ou não ser traído. O facto deve ser encarado a partir de quem o praticou.

Isto é: você é ou não é um traidor?!?

Pode ser que a questão colocada desta maneira pareça acusadora demais, no entanto, acredito que por trás dela exista um sentimento mais profundo e importante que deveria ser tido em conta: a compaixão. Compaixão é um sentimento em extinção. Significa ser capaz de colocar-se no lugar do outro e conseguir sentir a dor que ele sente.
Se pudéssemos fazer sempre isso, aposto que as atrocidades da vida diminuiriam consideravelmente. Especialmente a traição.
Considero traição tudo aquilo que é combinado entre duas pessoas e uma delas não cumpre.
Ou seja, se no seu relacionamento, assume a postura de estar só com aquela pessoa, supõe-se que se sinta capaz de cumprir esse acordo.
Caso contrário, deveria ser sincero o bastante para admitir que quer ficar com outras pessoas sempre que sentir esse desejo, assumindo o risco de “perder” a pessoa que gosta.
De qualquer maneira, independentemente de qual seja a sua escolha, o facto é que a verdade é sinonimo de fidelidade.
Se a sua verdade vai ser aceite ou não, essa é uma outra questão com a qual terá que lidar.
Mas ser fiel é, acima de tudo, assumir somente os compromissos que se julga capaz de cumprir.
E caso não consiga, independentemente dos seus motivos, o mais correcto é não enganar e não mentir, ou melhor, ser sincero e contar ao outro que quebrou o acordo.
Saber lidar com as consequências dos seus actos pode demonstrar uma grandeza admirável, uma coragem que poucas pessoas têm.
Além disso, ser “absolvido” mediante a confissão é bem mais fácil do que ser perdoado diante da mentira e da tentativa de ludibriar a pessoa amada.

Enfim, caio novamente numa frase que escrevo sempre: a vida é feita de escolhas!

Imagine que a vida é um grande e requintado cardápio, repleto de deliciosas opções.
Todos nós, apreciadores do prazer, podemos ficar em dúvida, hesitantes antes de fazer o pedido. No entanto, teremos que o fazer, abrindo mão das demais opções, se quisermos desfrutar o sabor.

Quando vejo pessoas que se dizem fiéis, a trair a pessoa amada, imagino-as como se estivessem num belo restaurante, com o prato que escolheram diante de si, mas de tempo em tempo, levantam-se da mesa pedindo licença para irem ao wc e, enganando-se a si mesmas, correm até a cozinha escondendo-se para não serem vistas e roubam colheradas de outros pratos, engolindo rapidamente e voltando correndo para seus lugares.

Resultado: não saboreiam nem o que está à sua frente e nem o que está na cozinha.
Perdem o sabor peculiar de sua escolha e não aproveitam o melhor de cada opção como poderiam!
Perdem a oportunidade maravilhosa de degustar o indescritível sabor do amor, porque não sabem que esse prato pede sensibilidade e entrega para ser apreciado de verdade......
E quando chega a conta, pagam caro e certamente continuam com fome!





Texto de Rosana Braga, Escritora e Jornalista.

Wednesday, August 6, 2008

DIVÓRCIO NA INDIA

Divorciados não são pessoas de segunda mão

Com a mudança de costumes, divorciados indianos buscam uma segunda chance

Saher Mahmood e Somini Sengupta
Em Nova Déli, Índia

Em um restaurante de trabalhadores no meio de um movimentado mercado municipal, Yuvraj Raina é cúmplice de uma atividade que antes seria vista como uma radical afronta à ordem social.

Ele pega uma das pastas em sua mesa e lê em voz alta. "Divorciada, nascida em 68, trabalha com finanças e ganha 40 mil por mês. Tem uma filha, de 8 anos."

Outro pasta: "Brâmane, nascida em 59, 1,60m, contadora, sem filhos. Divorciada. A razão para o divórcio, ela diz aqui, foi que o rapaz tinha problemas psicológicos."

E uma terceira candidata pouco convencional, que nunca foi casada mas é considerada velha demais para encontrar um marido do jeito tradicional. "Ela optou por um divorciado. Nascida em 68, dificilmente conseguiria se casar com um homem solteiro.Raina, também divorciado, é um homem de negócios que está cortejando um mercado pequeno, porém promissor: ele tem uma agência matrimonial para homens e mulheres divorciados que querem se casar novamente. Em outra época, essa idéia teria sido excomungada pela classe média indiana. O casamento era compulsório, o divórcio era condenado, e as viúvas, pelo menos em algumas comunidades hindus, eram submetidas a uma vida de austeridade e, em alguns casos, ao exílio.

O casamento ainda é, em grande extensão, socialmente obrigatório na Índia. Mas na medida em que os costumes sociais indianos lentamente se transformam, os divórcio e segundos casamentos estão, aos poucos, ganhando aceitação. "No geral, isso não é mais tabu hoje em dia", disse Raina, que continuou tecendo louvores ao anonimato que as cidades grandes em especial oferecem aos que querem recomeçar suas vidas. Para escapar das línguas cacarejantes e dos dedos indicadores, um homem divorciado, diz Raina, "só precisa mudar de casa. Basta se mudar do leste de Déli para o Sul, que ele é uma nova pessoa."

O trabalho da agência de Raina, chamada Aastha Center for Remarriage, não é mais tão subversivo. As seções matrimoniais dos jornais de domingo trazem anúncios de outras agências de casamento especializadas em divorciados. O portal secondshaadi.com - "shaadi" significa casamento em hindi, e "second", segundo em inglês - foi lançado na Internet há apenas seis meses e já conta com uma base de dados de 25 mil clientes.

Até os sites convencionais de casamento, como o shaadi.com, estão começando a encontrar inscrições de pessoas que querem se casar pela segunda vez. Sunil Gangwani, que dirige uma filial do shaadi.com em Nagpur, uma pequena cidade do interior da Índia, diz que 5% de seus clientes são divorciados.

As taxas de divórcio são difíceis de serem quantificadas porque os casos são arquivados nas cortes locais espalhadas por todo o país, mas existem evidências factuais desse aumento. A Delhi Commission for Women, que tem uma linha telefônica de atendimento ao público, estima que o número de chamadas por parte de mulheres pedindo procedimentos de divórcio cresceu pelo menos 20% desde 2000.

Só a agência de Raina tem cerca de 5 mil noivas e noivos em potencial em seus arquivos. Na maior parte dos casos, são os parentes que inscrevem os divorciados no serviço, da mesma forma que os irmãos mais velhos e os pais e tios fariam no caso de um primeiro casamento tradicional. Os arquivos contém detalhes à moda antiga: casta, renda, se o pretendente é vegetariano ou não - e o horário exato do nascimento, para fins astrológicos. Mas eles também identificam se os clientes são divorciados ou viúvos, e descrevem em poucas palavras por que o casamento terminou, no caso dos divorciados. Raina diz que não está interessado em detalhes. "Se eu for ouvir todas as histórias, vai levar pelo menos dois dias para preencher a ficha", disse ele. "Eu simplesmente escrevo 'incompatibilidade'."

Ele examina as fichas cuidadosamente e envia aos clientes aquelas que são combinações compatíveis. Foi assim que ele encontrou sua parceira - uma mulher cujo primeiro marido havia morrido, deixando-a com um negócio para cuidar. Raina e a mulher já estão casados há mais de um ano.

O escritório da agência Aastha é uma sala estreita no alto de um prédio de dois andares, sem elevador. As paredes estão cobertas com pôsteres de casais sorridentes em trajes de casamento, maiores do que o tamanho natural. As pessoas procurar a agência por desejos e motivos diferentes. Manju Singh, 56, não buscava necessariamente um marido, mas um companheiro de sua idade. "Quero alguém com quem conversar", disse ela. "Minhas noites são muito solitárias".

Anubha Suri, 29, foi encorajada por seus pais a começar uma nova vida, mesmo enquanto espera que seu divórcio seja finalizado. "As pessoas podem dizer, 'Veja como essa garota é rápida'", diz ela. "Eu não me importo. Vou mostrar para o mundo que uma mulher pode viver com ou sem o casamento."

Savi Nagpal, 39, procurou a agência porque ficou cansada de organizar as festas de aniversário de sua filha sozinha. "Como se sabe, na Índia todo mundo pergunta pelo nome do pai - é a primeira coisa", disse ela. Ter uma presença paterna, disse ela, será bom para sua filha, que tem 8 anos de idade.

Mas ainda assim, Nagpal continua relutante em se casar novamente. Levou mais de três anos para que ela contatasse a agência de Raina. Ela ainda tem medo de entrar num relacionamento novo. "Procurar um segundo marido para mim agora não é uma questão de amor, mas simplesmente uma necessidade prática", disse Nagpal.

A Índia é uma sociedade em transição, cautelosamente adotando novos hábitos, mas ainda profundamente tradicional nas questões relacionadas ao casamento. Ninguém sabe isso melhor do que alguém que é divorciado e está buscando um novo começo.

Inderbir Singh, 35, deixou de ser convidado para sair com seus amigos depois de seu divórcio, há 15 meses. Se um parceiro de negócios pergunta sobre sua família e ele confessa que é divorciado, a conversa entra num silêncio constrangedor. Seus amigos o têm incentivado a encontrar uma nova companheira, mas ninguém quis apresentá-lo a nenhuma mulher. "De repente, sou um renegado na sociedade em que vivo", disse ele, em tom de quase brincadeira.

Ele vê uma sociedade em conflito consigo mesma. "As pessoas acham o divórcio OK. Ninguém vai forçá-lo a continuar no casamento e se torturar para o resto da vida", diz ele. "Mas a atitude para com uma pessoa divorciada continua a mesma. Somos renegados. As pessoas acreditam que o divórcio não aconteceria se a pessoa fosse boa."

Singh não ficou constrangido por se lançar no mercado de casamento novamente. Ele se inscreveu em sites de casamento convencionais, mas só conseguiu o que chamou de "taxa de fracasso de 100%". Ele colocou um anúncio no jornal, solicitando propostas, mas também não teve sorte. Então, tentou o site secondshaadi.com.

Até agora, já conheceu sete mulheres, e gostou de uma delas o suficiente para convidá-la para dois encontros. Ele a descreveu como sendo "um contato muito promissor".

"Vamos ver o que acontece", disse ele.

Tuesday, August 5, 2008

A Calamitosa junta-se à molhada

Heheheheh!
Quando cheguei de uma espécie de férias e fui ao perfil da minha Estrelinha para a ir visitar ao seu novo tasco descubro que faz parte deste estaminé. Eh pá, digo eu! Estaminé colectivo novo na tascoesfera! Nome giro. Gaijas divertidas. Também quero. E não é que vou ao emílio da calamitosa e lá estava o combite?!
Eh pá! Espero estar à altura. Tenho me portado tão mal. Não tenho ligado às amigas, muito menos aos amigos (onde é que eles andam, by the way?). Não tenho feito jantar. Não tenho ido às compras. Não lavei o carro e só lhe troquei os pneus porque com os que tinha não passava na inspecção. Tenho quilos de máquinas para fazer e só fiz duas porque se não ficava sem roupa interior. Mas pior, muito pior que tudo isto é que não tenho blogado. Nem no(s) meu(s) tasco(s) nem no(s) da malta. E isso sim, é algo de que tenho sinceras saudades. Enfim. Não sei se conseguirei dar o contributo desejado mas vou tentar. Vou mesmo. "Untill then, good night".

até jazzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

Mais uma neste país à beira mar plantado

ORA ESTA...!
Mais uma Golpada - ERSE
Era uma vez um senhor chamado Jorge Viegas Vasconcelos, que era presidente de uma coisa chamada ERSE, ou seja, Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, organismo que praticamente ninguém conhece e, dos que conhecem, poucos devem saber para o que serve. Mas o que sabemos é que o senhor Vasconcelos pediu a demissão do seu cargo porque, segundo consta, queria que os aumentos da electricidade ainda fossem maiores.
Ora, quando alguém se demite do seu emprego, fá-lo por sua conta e risco, não lhe sendo devidos, pela entidade empregadora, quaisquer reparos, subsídios ou outros quaisquer benefícios. Porém, com o senhor Vasconcelos não foi assim. Na verdade, ele vai para casa com 12 mil euros por mês - ou seja, 2.400 contos - durante o máximo de dois anos, até encontrar um novo emprego.
Aqui, quem me ouve ou lê pergunta, ligeiramente confuso ou perplexo: «Mas você não disse que o senhor Vasconcelos se despediu?». E eu respondo: «Pois disse. Ele demitiu-se, isto é, despediu-se por vontade própria!». E você volta a questionar-me: «Então, porque fica o homem a receber os tais 2.400contos por mês, durante dois anos? Qual é, neste país, o trabalhador que se despede e fica a receber seja o que for?».
Se fizermos esta pergunta ao ministério da Economia, ele responderá, como já respondeu, que «o regime aplicado aos membros do conselho de administração da ERSE foi aprovado pela própria ERSE». E que, «de acordo com artigo 28 dos Estatutos da ERSE, os membros do conselho de administração estão sujeitos ao estatuto do gestor público em tudo o que não resultar desses estatutos». Ou seja: sempre que os estatutos da ERSE foram mais vantajosos para os seus gestores, o estatuto de gestor público não se aplica.
Dizendo ainda melhor: o senhor Vasconcelos (que era presidente da ERSE desde a sua fundação) e os seus amigos do conselho de administração, apesar de terem o estatuto de gestores públicos, criaram um esquema ainda mais vantajoso para si próprios, como seja, por exemplo, ficarem com um ordenado milionário quando resolverem demitir-se dos seus cargos. Com a bênção avalizadora, é claro, dos nossos excelsos governantes.
Trata-se, obviamente, de um escândalo, de uma imoralidade sem limites, de uma afronta a milhões de portugueses que sobrevivem com ordenados baixíssimos e subsídios de desemprego miseráveis. Trata-se, em suma, de um desenfreado, abusivo e desenvergonhado abocanhar do erário público.
Mas voltemos à nossa história. O senhor Vasconcelos recebia 18 mil euros mensais, mais subsídio de férias, subsídio de Natal e ajudas de custo. 18 mil euros seriam mais de 3.600 contos, ou seja, mais de 120 contos por dia, sem incluir os subsídios de férias e Natal e ajudas de custo.
Aqui, uma pergunta se impõe: Afinal, o que é - e para que serve - a ERSE? A missão da ERSE consiste em fazer cumprir as disposições legislativas para o sector energético. E pergunta você, que não é burro: «Mas para fazer cumprir a lei não bastam os governos, os tribunais, a polícia, etc.?».
Parece que não. A coisa funciona assim: após receber uma reclamação, a ERSE intervém através da mediação e da tentativa de conciliação das partes envolvidas. Antes, o consumidor tem de reclamar junto do prestador de serviço. Ou seja, a ERSE não serve para nada. Ou serve apenas para gastar somas astronómicas com os seus administradores. Aliás, antes da questão dos aumentos da electricidade, quem é que sabia que existia uma coisa chamada ERSE? Até quando o povo português, cumprindo o seu papel de pachorrento bovino, aguentará tão pesada cana? E tão descarado gozo? Politicas à parte estou em crer que perante esta e outras, só falta mesmo manifestarmos a nossa total indignação.