Friday, September 12, 2008

Desculpem lá qualquer coisinha ou A propósito da posta da nossa Fren

Ai, minhas amigas, que saudades, mas que saudades que eu tinha da tascosfera! Que esta treta é um bício, a bem dizer e eu já não me lembrava! O problema é que não nos pagam pra isto e nem percebo muito bem porquê, porque lá que deviam, deviam. É que dá trabalho e gasta tempo, tudo critérios de valor acrescentado, logo remuneráveis.
Mas enfim, não era nada sobre isto que eu queria falar e lá estou eu a dispersar-me e sempre me avisaram que esta minha tendência ia ser a minha perdição e lá estou eu outra vez, MAS, QUE DIABO, NÃO HÁ QUEM SEGURE ESTA CALAMITOSA, RACHTAPARTA À MIÚDA MAIS A MANIA DE QUERER SEMPRE FALAR DE TUDO E MAIS ALGUMA COISA, VÊ LÁ SE TE CONCENTRAS NO ESSENCIAL QUE ASSIM NÃO HÁ QUEM TE ATURE A BEM DIZER!!!

Dizia eu então que saudades desta coisa, de ler e de me rir com as vossas postas - oh caraças, que a da publicidade "as mulheres não gostam" é das melhores que tenho lido nos últimos tempos e se eu tenho lido, com a graça de deus nosso senhor (desculpem lá a falta de maiúsculas, espero não estar a ofender ninguém...)!

Mas a posta da nossa Fren fez-me pensar em coisas sérias e apesar de ser sexta-feira, dia de desanuviar e de nos sentirmos felizes por o sol brilhar e estarmos à beirinha de o irmos aproveitar já já a seguir (e mais uma vez que me desculpem aquelas - e aqueles se porventura os houver por aqui - que não poderão fazer uma praiinha ou pelo menos umas horitas no parque infantil este fds), apeteceu-me falar-vos da minha amiga Maria. Maria é nome fictício, não que alguém a fosse reconhecer se eu pussesse aqui o nome dela mas enfim, será talvez deformação profissional.

A Maria talvez ficasse espantada se passasse por aqui e percebesse que eu não engoli a história que ela me contou quando eu -ingénua! - lhe perguntei o motivo pelo qual tinha uma nódoa negra no osso da bochecha e outra no bíceps do lado oposto (fora as outras, as que não vi e as que não mencionei). Que o meu coração se apertou e ficou pequenininho à medida que acenava e fingia estar a visualizá-la descalça a escorregar no chão molhado da cozinha e a cair NAQUELA posição. Contra todas as leis da física. E o quanto me doeu perceber que ela insistia na versão coxa dos acontecimentos, acrescentando pormenores que a tornavam de todo inconcebível - é que, apesar de pouco provável é possível dar de trombas numa porta semi-aberta, assim como é possível cair-nos uma prateira de livros em cima ou levarmos com o espelho do retrovisor lateral esquerdo de um automóvel em cheio na sobrancelha direita como me aconteceu há uns anos. Mas, e desculpa-me, Maria, não entra na cabeça de ninguém que tenhas caído para a frente nas circunstâncias que referiste. Porém, tenho sobretudo é de pedir-te desculpa pela MINHA falta de frontalidade pois fui incapaz de te confrontar. Eu sei que o momento não era adequado, porque havia mais gente à volta, mas devia, eu sei, ter-te chamado à razão, devia, eu sei, ter trazido o assunto de novo à baila assim que me apanhasse sozinha contigo, dar-te a ocasião de falar, de desabafar, embora esteja cá desconfiada que não o irias fazer.
Logo tu, a mulher independente, liberta e forte que és. Logo tu, que nunca precisaste de um homem para nada. Logo tu, que estás a anos-luz dele em termos intelectuais, culturais, espirituais e até mesmo financeiros. Logo tu, que és dona da casa onde ELE mora. Que és mãe da filha em quem ele se acha no direito de mandar. Que ele se acha no direito de castrar, obrigando-a comer, forçando-a a fazê-lo em silêncio, tal como certamente o fizeram com ele quando era miúdo, tornando-o no tipo retrógrado, limitado e agressivo que é hoje.
Não irias dizer-me a verdade porque isso seria dar-me razão. Porque sabes o que penso, não que to tenha dito. Porque me dirias o mesmo e por muito menos. Sem nunca admitir. Dizendo que ele é sim senhora um gajo por vezes bruto mas nunca levantaria um dedo para te magoar a ti ou a ela, pois se ele até é tão porreiro que até tem o jantar pronto quando chegas a casa mais tarde.
Quero que saibas, gostaria que soubesses que podes fraquejar ao pé de mim. Que podes chorar, berrar. Que escusas de afixar essa felicidade falsa. Que não precisas de falar sem parar para que não sobre espaço nem tempo para o que dói, para o que realmente interessa, para o que verdadeiramente importa. Que não te irei condenar nem achar menos de ti. Embora continue a achar que não precisas disso. E tu sabe-lo tão bem. Difícil é só dar o primeiro passo. E tu sabe-lo tão bem...

4 comments:

Papinha said...

É triste perceber que casos destes são o que há mais por aí, e que nem nesta era moderna as coisas mudaram assim tanto. Espero nunca passar por algo parecido, e nunca digo desta água não beberei... mas estas situações são algo que condeno e que me entristecem profundamente!!!
E tu calamity... não feches os olhos...tenta chegar ao coração da "Maria"...para que mais esta "maria", não se remeta ao silêncio...
Beijinhos

CGM said...

É tão estranho acontecerem (ainda) estas coisas nos dias de hoje, acontecer a mulheres resolvidas, crescidas e com auto-estima (aparente?). Com que cara chegaria ao pé dos meus amigos/pais/familiares a dizer que o Filipe me havia batido?! Compreendo a Maria, deve ser tão dificil. Não te cales.

Beijinho

Mae Frenética said...

pois...
e qdo as marias sao as nossas melhores amigas? grande p... não é?

Cristina said...

Não se percebe! Mas acontece a tantas pessoas mesmo ao nosso lado...

Cristina